domingo, 22 de maio de 2016

Cantigas - Trovadorismo.

TROVADORISMO

CANTIGA SUA PARTINDO-SE / João Ruiz de Castelo Branco, "Cancioneiro Geral"

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.


Partem tão tristes os tristes,
tão fora d'esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.



QUESTÕES
1) No Trovadorismo, as cantigas de amor exprimiam um intenso sofrimento pela possibilidade da realização do amor, o homem idealizava a mulher, objeto de sua contemplação distante, a qual ele "prestava" o serviço amoroso. Quais as semelhanças e as diferenças entre a "Cantiga  sua partindo-se" e as cantigas de amor?
2) Quais as semelhanças e as diferenças entre a "Cantiga sua partindo-se" e as cantigas de amigo?
3) O sentimento do homem ao partir é expresso pela repetição insistente de um adjetivo. Que adjetivo é esse?
4) Há um momento em que o autor torna o adjetivo mais expressivo, substantivando-o. Transcreva o verso em que isso ocorre:


LEMBRANÇA DE JOÃO ROIZ DE CASTEL'BRANCO

Não os meus olhos, senhora, mas os vossos,
eles são que partem às terras que não sei,
onde memória de mim nunca passou,
onde é escondido meu nome de segredo.

Se de trevas se fazem as distâncias,
e com elas saudades e ausências,
Olhos cegos me fiquem, e não mais
que esperar do regresso a luz que foi.


José Saramago
QUESTÕES
1) O que há de semelhante e diferente entre o texto lido e o texto "Cantiga sua partindo-se"?
2) O tema da partida ou da despedida é recorrente na poesia portuguesa medieval. No século XV, ele se inclui no contexto histórico e social da aventura marítima que deslocou tantos portugueses para terras distantes. Como você interpreta o verso "eles são que partem às terras que não sei..."?
3) Na "Cantiga sua partindo-se", a expressão da tristeza culmina em uma hipérbole (exagero). Qual é, no poema de Saramago, a expressão máxima do desespero do eu-lírico?

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