FIGURAS DE LINGUAGEM
Segundo
Mauro Ferreira, a importância em reconhecer figuras de linguagem está no fato
de que tal conhecimento, além de auxiliar a compreender melhor os textos
literários, deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado
simbólico das palavras e dos textos.
Definição: Figuras de
linguagem são certos recursos não-convencionais que o falante ou escritor cria
para dar maior expressividade à sua mensagem.
METÁFORA: É o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista
de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação
subentendida. Exemplo: Minha boca é um tumulo. Essa rua é
um verdadeiro deserto.
COMPARAÇÃO:
Consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma
determinada semelhança.
Exemplo: O
meu coração está igual a um céu cinzento. O carro dele é rápido
como um avião.
PROSOPOPÉIA: É
uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados.
Também podemos chamá-la de PERSONIFICAÇÃO.
Exemplo: O céu está mostrando sua face mais bela. O cão
mostrou grande sisudez.
SINESTESIA:
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes.Exemplo: Raquel tem um
olhar frio, desesperador.
Aquela
criança tem um olhar tão doce.
CATACRESE: É
uma metáfora desgastada, tão usual que já não percebemos. Assim, a catacrese é
o emprego de uma palavra no sentido figurado por falta de um termo próprio.
Exemplo: O menino quebrou o braço da cadeira. A manga da
camisa rasgou.
METONÍMIA: É
a substituição de uma palavra por outra, quando existe uma relação lógica, uma
proximidade de sentidos que permite essa troca. Ocorre metonímia quando
empregamos: - O autor pela obra. Exemplo: Li Jô Soares dezenas
de vezes. (a obra de Jô Soares)
- o continente pelo conteúdo. Exemplo: O
ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo os torcedores)
- a
parte pelo todo. Exemplo: Vários brasileiros vivem sem teto, ao
relento. (teto substitui casa)
- o
efeito pela causa. Exemplo: Suou muito para conseguir a casa própria. (suor
substitui o trabalho)
PERÍFRASE: É a
designação de um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou
de um fato que o celebrizou.
Exemplo:
A Veneza Brasileira também é palco de grandes espetáculos. (Veneza Brasileira =
Recife), A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. (Cidade Maravilhosa =
Rio de Janeiro).
ANTÍTESE: Consiste
no uso de palavras de sentidos opostos. Exemplo: Nada com Deus é tudo. Tudo sem
Deus é nada.
EUFEMISMO:
Consiste em suavizar palavras ou expressões que são desagradáveis. Exemplo: Ele
foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu = morrer).
Os homens públicos envergonham o povo. (homens públicos =
políticos)
HIPÉRBOLE: É
um exagero intencional com a finalidade de tornar mais expressiva a ideia.
Exemplo: Ela chorou rios de lágrimas. Muitas pessoas morriam de
medo da perna cabeluda.
IRONIA: Consiste
na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o contrário do que pensamos. Exemplo:
Que alunos inteligentes, não sabem nem somar. Se você gritar mais alto, eu
agradeço.
ONOMATOPÉIA: Consiste
na reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres. Exemplo: Com o au-au
dos cachorros, os gatos desapareceram. Miau-miau. – Eram os gatos miando no
telhado a noite toda.
ALITERAÇÃO: Consiste
na repetição de um determinado som consonantal no início ou interior das
palavras. Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.
ELIPSE: Consiste
na omissão de um termo que fica subentendido no contexto, identificado
facilmente. Exemplo: Após a queda, nenhuma fratura.
ZEUGMA: Consiste
na omissão de um termo já empregado anteriormente. Exemplo: Ele come carne, eu
verduras.
PLEONASMO: Consiste
na intensificação de um termo através da sua repetição, reforçando seu
significado. Exemplo: Nós cantamos um canto glorioso.
POLISSÍNDETO: É a
repetição da conjunção entre as orações de um período ou entre os termos da
oração. Exemplo: Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para dançar.
ASSÍNDETO: Ocorre
quando há a ausência da conjunção entre duas orações. Exemplo: Chegamos de
viagem, tomamos banho, depois saímos para dançar.
ANACOLUTO: Consiste numa mudança repentina da construção
sintática da frase. Exemplo: Ele, nada podia assustá-lo. Nota: o anacoluto
ocorre com frequência na linguagem falada, quando o falante interrompe a frase,
abandonando o que havia dito para reconstruí-la novamente.
ANAFÓRA: Consiste na repetição de uma palavra ou expressão
para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade. Exemplo: Cada
alma é uma escada para Deus. Cada alma é um corredor-Universo para Deus. Cada
alma é um rio correndo por margens de Externo Para Deus e em Deus com um
sussurro noturno. (Fernando Pessoa).
SILEPSE: Ocorre quando a concordância é realizada com a ideia
e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse: gênero, número e
pessoa.
De gênero. Exemplo: Vossa excelência está preocupado com as
notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à forma, mas nesse
exemplo a concordância se deu com a pessoa a que se refere o pronome de
tratamento e não com o sujeito).
De número. Exemplo: A boiada ficou furiosa com o peão e
derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com a ideia de plural da
palavra boiada).
De pessoa Exemplo: As mulheres decidimos não votar em
determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse tipo de silepse, o
falante se inclui mentalmente entre os participantes de um sujeito em 3ª
pessoa).