quarta-feira, 26 de abril de 2017

TROVADORISMO - RESUMO

Trovadorismo (Literatura Brasileira) – professora Lucília

As primeiras manifestações literárias em língua portuguesa ocorreram na Idade Média, quando Portugal ainda estava em processo de formação. Esse período é conhecido como Trovadorismo. Portanto, o Trovadorismo é o primeiro período da história da Literatura Portuguesa e é o primeiro que nós iremos estudar.

Marco Inicial: O Trovadorismo surgiu na Idade Média, no século XII e o seu marco inicial foi a "Cantiga da Ribeirinha" (ou "Cantiga da Garvaia"), escrita em 1189 por Paio Soares de Taveirós.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihCjnjyRvMoLLOIDyLt1pc46UDbJwBWRhCQzIaMQdZotdSxMu6KX8_yrW7jRFFwIhlRRiwLKMS-sa5bceuJvzIDfQmRqvFDE8u6U715dPKNDYmTO3hKGuyLZaZGgPPrLhRSqvxFEuZ1cPh/s1600/download.jpgPor que "trovadores"? Como a maior parte do povo não sabia ler nem escrever, o gênero que mais se destacou no período do Trovadorismo foi a poesia, que era cantada (daí vem o nome “cantigas”), acompanhadas de música e de dança. Os trovadores compunham e cantavam essas cantigas, que eram escritas e reunidas em livros chamados cancioneiros.

Classificação das Cantigas
As cantigas podiam ser Líricas (de Amor ou de Amigo) ou Satíricas (de Escárnio ou de Maldizer). 

Cantiga de Amigo (Poesia Lírica): ambiente rural, linguagem simples e forte musicalidade (ex: paralelismo – repetição de palavras ou frases). Eu-lírico feminino, que vive se lamentado porque o namorado foi para a guerra. Amor natural e espontâneo. Obs: nesse contexto, "amigo" tem o mesmo sentido de "namorado". 

Cantiga de Amor (Poesia Lírica): linguagem mais rebuscada, ambientação aristocrática das cortes. Eu-lírico masculino, que vive se declarando para uma mulher idealizada, inatingível e distante (amor cortês: convencionalismo amoroso). Seu amor nunca é correspondido e o homem sempre é inferior à mulher, como um vassalo (servo feudal) em relação ao seu suserano (senhor feudal). 

Cantiga de Maldizer (Poesia Satírica): Crítica direta, linguagem agressiva e zombaria. Às vezes apareciam até palavrões. Eram cantigas usadas para falar mal das pessoas de modo explícito. 

Cantiga de Escárnio (Poesia Satírica): Crítica indireta, linguagem sutil (jogo de palavras), ironia e duplo sentido. O nome da pessoa que era zombada não era revelado. 

Além das cantigas (poesia), havia outros tipos de textos:

Novelas de Cavalaria (Prosa): adaptações das canções de gesta (poemas que narravam aventuras heróicas). Aventuras fantásticas de cavaleiros lendários e destemidos. Detalhes da vida e dos costumes da sociedade da época.

Teatro: Mistérios (episódios bíblicos), milagres (episódios da vida dos santos), moralidades (didático-moralista, com personagens abstratos ou defeitos morais). 

Características do Trovadorismo: Como você já sabe, o Trovadorismo surgiu na Idade Média e ele se desenvolveu em meio ao domínio da Igreja Católica, da visão teocêntrica do mundo (Deus no centro de tudo) e do moralismo religioso. Além disso, outro aspecto do período é a questão do feudalismo e das relações de vassalagem, que nas cantigas ficou conhecida como vassalagem amorosa (nas cantigas, o homem se coloca como o vassalo ou servo da mulher amada). 
Segue, abaixo, a "Cantiga da Ribeirinha", texto considerado o marco inicial do Trovadorismo. Logicamente, na Idade Média a língua portuguesa era bem diferente de como ela é hoje.

Cantiga da Garvaia



No mundo nom me sei parelha,
mentre me for como me vai,
ca ja moiro por vos – e ai!

mia senhor branca e vermelha,

queredes que vos retraia

quando vos eu vi en saia!
Mau dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
me foi a mi muin mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d’haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia dua correa.

E, mia senhor, dês aquel di’, ai!

segunda-feira, 24 de abril de 2017

DIÁRIOS NA WEB

DIÁRIOS NA WEB

            Eu andava supercurioso a respeito dos blogs. Para quem não sabe, é uma espécie de diário que alguém coloca na internet, em geral assinado por pseudônimo. Liberdade total. Alguns comentam sobre a vida. Outros revelam intimidades de arrepiar! Recentemente, um amigo me forneceu o “endereço” de seu blog. Fui ler. Lá pelas tantas, ele falava de nosso último almoço. Concluía que nossa amizade estava no fim! Liguei imediatamente:
         - Eu não briguei com você, briguei?
         Esclarecemos o mal-estar. Aproveitei para saber como localizar outros blogs. Adolescentes sabem fazer isso de olhos fechados. Mas um velhusco como eu tem certa dificuldade. Descobri endereços que abrigam uma enormidade de blogs! Como uma grande biblioteca onde se pode entrar, escolher o livro e abrir. Mas é a vida real! Infinitamente verdadeira. Sou do tempo em que ainda se fazia diário com chavinha! Imaginem a chance de ler quantos quiser! [...]
         [...] Alguns são divertidos já no título, como o “Pensar enlouquece. Pense nisso”. Um rapaz adverte: “Perdi os óculos. Isso quer dizer que estou mais perigoso no trânsito”.
         São relatados todos os tipos de experiências, até as sociológicas. Uma garota foi entrevistar camelôs para entender o mundo dos excluídos. Quase caiu dura ao descobrir que o primeiro com quem falou tinha o segundo ano de faculdade de Filosofia! Mais tarde, outro lhe explicou longamente a contradição entre capital e trabalho, na melhor retórica marxista. De queixo caído, a estudante descobriu que excluída estava ela. Da realidade. Outra reage contra o mito da Cinderela. “Foi por causa dessa besta da Cinderela que acreditei em príncipe encantado!”, reclama. Em busca do tal príncipe, aos 27 anos já se casou três vezes! Uma internauta reflete: “Qual é a hora certa de romper uma amizade, de terminar um amor?”
         “Emoções e Magias” oferece receitas do tipo: “Para Realizar um Desejo... pegue uma folha de papel branco e...” Fiquei tocado pela mensagem otimista de uma garota que viveu nos Estados Unidos, onde trabalhou como babá. Ao voltar, não conseguia emprego. Finalmente, comemorava um lugar como secretária. “Meu Futuro me acena sorrindo e eu aceno de volta para ele. Não tenho certeza, mas acho que estamos namorando.”
         Tal é o sucesso dos blogs que o autor de “Escrevescreve” assusta-se: “Foram mais de trezentos acessos só esta tarde. Será que foi alguma coisa que eu escrevi?”
         Saí fascinado do passeio pela web. Acredito que os blogs são uma grande revolução. Sei de gente que tem amigos de outros estados, com quem compartilha de todas as intimidades – e haja intimidade nisso! Sem nunca terem se conhecido pessoalmente! Será uma nova forma de amizade? No futuro, todo relacionamento vai ser assim?

WALCYR CARRASCO.
In: MANUEL DA COSTA PINTO (Org.). Antologia de crônicas: crônica brasileira contemporânea. São Paulo: Salamandra, 2005. (Lendo & Relendo.) (Fragmento.)

1.   Atividades:
  Segundo o texto, o narrador - personagem tinha grande interesse em conhecer os blogs.
a.      Como se explica essa atração do autor por blog?
b.     No primeiro parágrafo, o que comprova que o narrador ainda não entendia muito bem como utilizar o blog?
2.     Porque ele comparou os blogs a uma grande biblioteca?
a.      Explique o que o autor quis dizer nesse trecho: “Mas é a vida real! Infinitamente verdadeira”.
b.     Como pertence a outra geração, o narrador também comparou o diário antigo com o blog, um diário moderno. A que conclusões ele chegou?
3.     Na sua opinião, porque muitos jovens gostam de se expor abertamente em seus blogs?
4.     Pode-se dizer, por exemplo que a garota aprendeu algo ao entrevistar camelos? Esclareça sua resposta.
5.     Você saberia dizer qual é a hora certa de romper uma amizade, de terminar um amor? Justifique-se.
6.     Ao comentar o conteúdo de certo blogs, o narrador parecia admirado pela variedade das mensagens.
a.      A seu ver ele se sentia de verdade impressionado com os blogs, ou apenas curioso? Esclareça sua resposta.
b.     Você também considera os blogs uma grande revolução?
7.     No texto, o autor enfatiza o fato de que nos blogs se encontram todas as intimidades. Porque esta intimidade o surpreende tanto?
8.     Nas duas perguntas finais do texto, o que pode depreender quanto ao modo de pensar do autor?
E você, o que pensa sobre essa nova forma de relacionamento humano?